Autor:
Fernando Mesquita
Fonte:http://blogdofernandomesquita.com.br
Felizmente, tenho visto cada vez mais perguntas desse tipo. São
candidatos país afora que entendem que a preparação não vai acontecer da noite
para o dia. É preciso tempo – normalmente, mais do que os 60 dias entre o
edital e a prova, se você está começando.
Se você pertence a esse grupo, ótimo. Se não pertence, é um bom momento
para começar a mudar a mentalidade e dilatar seu prazo de preparação.
Pergunte-se: O que teria acontecido se você tivesse começado a estudar
com consistência 1 ano atrás para um concurso com objetivo
definido?
A PERGUNTA
Vale a pena estudar para concursos com antecedência?
Claro que sim.
Na verdade, com a profissionalização dos concursandos e dos concursos,
em breve é possível que não só seja recomendável, como talvez seja a
única forma de se preparar adequadamente.
PONTO 1: COMO SABER QUAIS CONCURSOS VÃO SAIR?
Fácil. Concursos autorizados.
No artigo sobre prever o futuro, a Andressa deixou um comentário muito
importante, em que disse que “ser concurseiro
concursando é uma profissão”
Pura verdade.
Se você presta concursos para o executivo, a página do DOU
é seu ponto de parada obrigatório a partir de hoje. Acessando a página
dia desses, deparei-me com a seguinte imagem (clique para ampliar)
Veja que tamanha é a importância de nossa nobre atividade, que o
Diário Oficial da União tem seção própria para os concursos públicos.
E, de tempos em tempos, aparecem ali os concursos autorizados. Isso
significa que, se você quiser se preparar com qualidade, pode usar os cargos lá
previstos como uma boa base para se focar.
UM AVISO
Estudar para concursos com antecedência envolve uma série de técnicas (e
de riscos). Como em todo processo de longo prazo, você tem mais a ganhar do que
a perder, mas “perder” algo faz parte. Reparou no “perder” entre aspas? Pois
bem. Vejamos.
O comportamento padrão quando se está estudando para concursos sem
editais lançados é se basear nos editais anteriores.
Não concordo exatamente com isso.
Não, não sou um iconoclasta. Não quero acabar com todas as suas
esperanças e suas expectativas e tudo que você ouviu e acreditava até o
momento.
Quero que você, leitor(a) querido(a) seja aprovado(a). E logo.
“Mas Fernando, então no que você acredita?” Simples – tendências.
As tendências são muito mais fáceis de defender do que o histórico.
Um edital de 10 anos atrás não é uma boa base para você. Assim como não
é um edital de 5 anos atrás.
Mas, por sua vez, as tendências não mentem.
Analise qualquer banca e você verá como o comportamento dela muda ao
longo do tempo. É como ver fotos de crianças crescendo. Novas roupas, novos
locais, novos amigos.
Se você viu a foto do moleque de 5 anos com a camisa das tartarugas
ninjas e lhe dá de presente de 17 uma lancheira de tartaruga, a chance é grande
de que você não faça a melhor escolha.
O exemplo te parece absurdo? Mas é isso que muitas pessoas fazem. Tratam
o edital como uma peça imutável, sacrossanta de sua preparação, como se o
passado fosse vinculante.
Prepare-se. Lá vem:
Não é.
É, eu sei. Dói. Mas melhor agora do que na hora em que o edital sair.
A partir do momento que você conseguir aceitar que prestar concursos é
um risco calculado, sua vida vai ficar mais fácil (e menos frustrante).
Falo sobre “perdas” (entre aspas) porque não há perdas na preparação.
Quando você estuda, você
·
Se torna uma pessoa mais forte;
·
Aprende um novo conteúdo que pode ser útil – nos estudos ou na vida;
·
Prepara-se para a agregação cíclica (mais sobre ela em breve);
·
Aprende a lidar com a frustração – de errar questões, de não conseguir
aprender de primeira
Pode ser, então, que você “invista” (Seu tempo e seu esforço) em uma
determinada ideia que se mostre frustrada com o lançamento do edital (você não
seria nem o primeiro nem o último).
Mas faz parte do jogo.
No final, você certamente estará muito melhor do que quem começou a
estudar do zero – porque você foi se tornando uma pessoa melhor e porque o edital
sempre é surpresa para todos (quando diferente do esperado).
Mas a tendência é o que realmente deveria guiar seus estudos.
Imagine a Câmara dos Deputados. Em 2014, os concursos para quase todos
os cargos já tinham sido realizados – e todos os últimos haviam sido feitos
pelo Cespe. É
razoável pensar que o próximo, de assistente administrativo também será feito
pela banca? Acredito que sim.
Indo ainda mais fundo na tendência, é seguro estudar por um edital de 6
anos atrás? Provavelmente não. Qual a saída?
Acompanhar as tendências da banca. O que ela tem cobrado para cargos
semelhantes? Quais disciplinas sempre caem ou deveriam cair? Tudo isso tem a
ver com o próximo tópico:
A TÉCNICA
Bastante tempo atrás, falei sobre como prever o futuro em concursos públicos. É um tópico importante – e uma disciplina que deve ser
praticada por todos aqueles que querem estudar com antecedência.
O primeiro item é sempre conhecer o órgão.
Saber quais são as principais leis que o regem, quais os conteúdos que
sempre caem e quais aqueles que podem mudar sua importância mas estarão sempre
presentes. É o caso de o Bacen cobrar economia ou o concurso de AFT cobrar direito do trabalho ou AFRBF
cobrar auditoria.
Essas disciplinas fazem parte do núcleo, do core do órgão e da
função. Provavelmente, sempre serão cobrados.
Mas e quanto aos conteúdos imprevisíveis?
Oras, fácil.
Imagine que todo concurso para o executivo federal tem um núcleo
básico: Português, Atualidades, Direito Constitucional, Direito
Administrativo, Ética.
Imagine que quanto mais perto do centro, maior a probabilidade de que
essa matéria seja cobrada.
Mas o que precisamos imaginar é que essas disciplinas estão envolvidas
em um contexto – que é o nosso edital propriamente dito.
Esse contexto é uma zona de incerteza. Sabemos que haverá algo ali, mas
não temos certeza. Em alguns casos, é fácil prever (como nos núcleos das
funções – direito do trabalho para AFT), mas em outros é mais complicado. Daí nossa incerteza.
Quando falei sobre o que fazer quando você não entender um conteúdo (artigo interessantíssimo que trata da espiral do
conhecimento, mas pouco comentado aqui), falei sobre as UCs. Nossa saída é a
seguinte:
Estimar, de forma ponderada e consciente, quais as matérias do contexto
e buscar um aprofundamento suficiente, mas não avançado nas disciplinas
incertas. Aprofundar ao máximo as básicas. Cobrir as bases.
É claro que só o parágrafo anterior daria um livro inteiro, mas espero
que você tenha entendido mais ou menos a essência da cousa.
Após conhecer o órgão, vem a parte de conhecer a banca.
Ok, nem sempre isso é possível. Se for o Cespe, o Fernando já te deu o caminho. Mas pode ser que a banca não tenha sido divulgado ou seja
incerta. E aí?
Faça o que pode ser feito – pratique com questões do Cespe, que são
rápidas de serem resolvidas e abrangentes (tanto em conteúdos quanto em
quantidade de questões disponíveis) e procure fazer questões de múltipla
escolha de bancas variadas, para aumentar sua tolerância ao estilo de cobrança.
O PROBLEMA
É difícil se manter focado em uma preparação de longo prazo. Sei disso.
A tentação é muita. Você não sabe se seu concurso vai sair, nem quando
vai sair.
Como fazer?
A MOTIVAÇÃO
Faça concursos parecidos.
A dica nunca foi “foque em apenas um concurso e nunca olhe para o lado”.
A dica sempre foi “escolha um cargo ou grupo de cargos e foque-se nessa área”.
Falei disso quando conversamos sobre quando estudar para concursos semelhantes. É importante que você tenha um grupo mais um menos coeso
de disciplinas para estudar, exatamente porque o mundo dos concursos é
imprevisível.
Além disso, é muito importante que você tenha seu objetivo
claro. Por mais que isso soe óbvio agora, ao longo dos meses, você
certamente vai se esquecer por que está fazendo tudo isso. E vai sentir vontade
de se desviar.
Seu objetivo pode ser mediato ou imediato.
O imediato é a aprovação. Sempre será.
O mediato, por sua vez, pode ser o respeito da sociedade, a qualidade de
vida, a tranquilidade que advém do contracheque e das férias remuneradas e da
aposentadoria, a satisfação de realizar um trabalho significativo. Embora eu
seja contra olhar para o horizonte o tempo todo (como afirmei no artigo sobre foco
no processo), olhar para o horizonte de tempos em tempos
nos ajuda a lembrar para onde estamos indo.
RESUMINDO
1. Defina seus
objetivos
2. Descubra quais
concursos vão sair
3. Entenda que
“perder” às vezes faz parte
4. Lembre-se de que, melhor
do que um edital antigo, a tendência nos mostra o caminho
5. Conheça o órgão
6. Estudo o núcleo
básico
7. Defina as
disciplinas incertas
8. Aprofunde-as sem
exageros
9. Esteja tranquilo
com as mudanças quando o novo edital sair
10. Faça concursos
semelhantes
11. Tenha clareza de
objetivos para ajudar na trajetória.
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